segunda-feira, 25 de julho de 2011

ORIGENS DOS MONUMENTOS.



Andando pelas praças das cidades geralmente encontramos monumentos emoldurando seus espaços físicos, tanto artisticamente como arquitetonicamente. Mas a final o que e um monumento e para que serve? 
Padre Cícero- Juazeiro do Norte -Cé.
 Um monumento é uma estrutura construída por motivos simbólicos ou comemorativos, mais do que para uma utilização de ordem funcional. Os monumentos são geralmente construídos com o duplo propósito de comemorar um acontecimento importante, ou homenagear um personagem ilustre, e, simultaneamente, criar um objeto artístico que aprimorará o aspecto de uma cidade. Seu valor pode ser por antiguidade, tamanho ou significado histórico.
Etnologicamente, a Palavra monumento é de origem latina e provém do verbo “monere”, que significa lembrar. Segundo o historiador de arte Alois Regl, é toda obra criada pela mão do homem e construída com a finalidade de conservar sempre viva e presente na consciência das gerações futuras, a lembrança de determinada ação ou de uma existência. Segundo a tradição francesa, no Brasil, a construção de monumentos históricos ocorre como forma de legitimar alguns fatos e mitos fundadores da nação e de promover uma pedagogia do cidadão. As estátuas e monumentos históricos vão sempre lembrar os heróis nacionais.
No decorrer da história, sempre existiu desde a mais remota antiguidade, o interesse em edificar monumentos por parte das diferentes sociedades. As famosas pirâmides religiosas construídas pelos egípcios são exemplos disso. Os romanos erigiram monumentos em reverencia aos seus deuses. De modo geral, as sociedades antigas construíram belas edificações que, infelizmente, não resistiram á destruição humana ou ação impiedosa do tempo. Até mesmo durante o Antigo Regime, assistimos à construção de estátuas de monarcas europeus.
No entanto, naquela época, era bastante comum erigir em praças, parques e jardim, estátuas e monumentos em homenagem aos grandes vultos de nossa história. Era a chamada estátua, termo definido pelo historiador Francês Mauricio Agulhon, para designar o desenvolvimento da escultura em praças públicas com objetivo de se promover o civismo, fenômeno este que se inicia em meados do século XIX, na França, se estendendo por diversos países, inclusive no Brasil.
 
D. Pedro I - 1862 .
      O primeiro monumento histórico construído no Brasil, na cidade do Rio de Janeiro, então capital do Império brasileiro, em 1862. Trata-se da estátua do Imperador D. Pedro I, localizado na Praça Tiradentes. 

General Tiburcio. - 1888.
    Já a primeira estátua construída no Estado do Ceará, foi inaugurada em 8 de abril de 1888, na Praça General Tiburcio, popularmente conhecida como “Praça dos Leões”. A estátua foi fundida em Paris, para homenagear o herói cearense, morto na guerra do Paraguai, Antonio Ferreira de Sousa, General Tiburcio. Nossos monumentos têm sempre algo a nos dizer sobre a nossa história, sobre o nosso passado, mas por diversos motivos, muitas vezes não paramos para olhar.


Valentim Santos.
Professor, Historiador e Sociólogo.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

HISTÓRIA ABANDONADA. HOTEL DO NORD.




               
Hotel do Nortd.     -  Foto Valentim Santos
                   
 A história de Fortaleza não está somente nos livros e fotos, esta nos prédios e monumentos que são testemunha ocular de uma cidade que cresce rapidamente, mas que deixa vestígio do seu passado, sendo hoje aceito e admirado por todos.
 Vamos descrever a historiografia de um dos mais tradicionais hotéis de nossa cidade, o saudoso Hotel do Nord ou mais popularmente conhecido na década de 30 e 50 como Hotel do Norte. Ele este localizado no centro de Fortaleza. Situado no entorno da Praça do Passeio Público e tem como proprietário atual o IAB (Instituto dos Arquitetos do Brasil).
Tombado pelo patrimônio público estadual através do decreto lei nº 23.829/95 em 29 de setembro de 1995, é integrante do patrimônio histórico do Ceará. Sua edificação data do inicio do século XIX e pertencia ao Senhor Silvestre Randal. Inaugurado em 1895, tendo como proprietário o Francês Norberto Golignac, o hotel foi considerado uma das primeiras edificações hoteleira a cidade. Foi o primeiro hotel com serviços de locação de veículos para solenidades, o que naquela época era uma modernidade.

Foto Hotel do Nortd - 1890.
 
 
Em 19 de abril de 1895, foi fundada em suas dependências a Sociedade União Cearense formada pela alta sociedade local. Em 17 de março de 1897, alí passou a funcionar a agência dos Correios, que foi transferido do prédio da Assembléia Legislativa, onde funcionou até 1934, quando foi transferido para o prédio atual.
Em 1935, o prédio foi comprado pela “ THE CEARÁ TRAWAY LIGHT & CIA LTDA”, companhia Inglesa que explorava a energia e os bondes da cidade. “Essa empresa foi comprada no valor de 187 mil Libras Esterlinas pela Companhia Ferro Garril do Ceará” de propriedade do Coronel Tomé A. da Mota. Em 1948 o serviço de energia elétrica ficou a cargo do Governo Municipal através do Decreto Federal nº 25232/48, tendo a companhia passando a chama-se SERVILUZ (SERVIÇO DE LUZ E FORÇA DO MUNICIPIO DE FORTALEZA) que funcionava no mesmo prédio.
Em 12 de março de 1963, foi criada a CONEFOR (COMPANHIA NORDESTE DE ELETRIFICAÇÃO DE FORTALEZA). Continuando assim até 5 de junho de 1971 quando a CONEFOR foi transformada na COELCE ( COMPANHIA  DE ELETRIFICAÇÃO DO CEARÁ) funcionando no mesmo prédio ate 17 de abril de 1973  mudando-se para a Av. Barão de Studart, ficando o prédio abandonado por mais de 18 anos.
Em 11 de abril de 2001, o prédio desmorona parcialmente devido as fortes chuvas caídas intensamente na capital cearense. O referido prédio foi comprado recentemente pelo IAB, onde funciona sua nova sede, juntamente com o Memorial de Arquitetura do Ceará, e a sede da Orquestra Sinfônica do Ceará, além de promover eventos como a casa cor, etc.
O centenário prédio passará a ser de vital importância para a preservação e manutenção da nossa história. Este prédio que agora está totalmente recuperado guarda em suas históricas paredes um marco de referência histórica de uma cidade que crescia e tornava-se adulta. Preservar os prédios antigos de Fortaleza é preservar o nosso passado, resgatando a história do nosso povo.

   VALENTIM SANTOS
    Professor, Historiador e Sociólogo.











PINTO MARTINS UM CEARENSE ESQUECIDO PELO TEMPO.




Pinto Martins

Quem entra no Aeroporto Internacional Pinto Martins não imagina que foi Euclides Pinto Martins. Foi um político? Um empresário? Não. Ele foi um grande piloto cearense, nascido em 1892 em Camocim, logo aos 16 anos foi para a cidade de Natal (RN), onde entrou para a Marinha do Brasil, passando a pilotar navios. Aos 18 anos viajou para os Estados Unidos onde cursou Engenharia Mecânica, casou-se com uma americana. Voltando para o Brasil passou a trabalhar no DNOCS, depois de alguns anos volta para os Estados Unidos onde estudou aviação.
Em 1922, Pinto Martins idealizou um Rally New York Rio de Janeiro para comemorar o centenário da Independência do Brasil. Em 16 de agosto de 1922, ele decola da cidade de North River com um avião bi plano construído especialmente para esta viagem. Aplaudido por milhares de americanos que acreditavam na sua tentativa de atravessar o oceano Atlântico em um avião. Sua tripulação era composta de um mecânico, John Wilshusen, um jornalista de New World, Thomas Bye. Para documentar esta viagem o cinegrafista do Pathe, como piloto, ele entregaria ao americano John Balzer e como co-piloto Pinto Martins.
Como não havia aeroporto nesta rota estabelecida por eles, foi utilizado um avião hidroplano, seguindo uma rota sobre o oceano Atlântico. Este avião foi batizado com o nome de Sampaio Correia. Quando o avião se aproximava da baia de Guantama, em Cuba, sofreu uma pane no motor e caiu no mar das Antilhas. Flutuando, eles são socorridos pela patrulha marítima americana. Depois de vários dias eles partem da cidade de Pensacola na Florida em um velho avião, pois o primeiro havia se danificado na queda. 

   Em 3 de novembro de 1922, depois de várias escalas com sucesso na cidade de Port of Prince, o calor muito forte fundiu o motor do avião, nova parada foi necessária demorando um mês para a chegada de um novo motor e radiador. Novamente eles decolam no Sampaio Correria II para a fase final da trajetória.
Depois de voar mais de 100 horas e realizar um percurso de 180 dias finalmente eles chegam ao Brasil. A primeira cidade a pisar foi Belém, no Pará, seguindo depois para a cidade de São Luiz, no Maranhão, a próxima escala no Ceará, mais precisamente na cidade de Camocim, terra natal do piloto.

Homenagem da chegada de Pinto Martins a Camocim - Cé.

  Foram recebidos com grande festa pela multidão que queriam abraçar o herói da terra. A próxima escala Foi na cidade de João Pessoa, na Paraíba, e finalmente, em 8 de fevereiro de 1923, a comitiva chegou ao Rio de janeiro, onde foi recebida como heróis nacionais pelo povo carioca, sendo aplaudidos por uma verdadeira multidão. Houve desfiles pelas ruas com muitos fogos. Eles foram recebidos pelo Presidente Arthur Bernardes, que lhe outorgou a medalha Cruzeiro do Sul, lançando, na ocasião, um selo comemorativo pelo feito histórico, atravessar o Oceano Atlântico com um avião.  
 
Selo Comemorativo. 08-02-1923.
 Passados alguns anos deste acontecimento, o grande herói vai lentamente caindo no total esquecimento, passando despercebido, ele entra em depressão e em 12 de abril de 1934, Pinto Martins foi encontrado morto com um tiro na cabeça. Suicidou-se, por não suportou o anonimato. Não foi homenageado adequadamente com nome de rua ou avenida, apenas com um obscuro beco no bairro boêmio da Lapa. Mas em sua terra não foi esquecido completamente, pois foi dado seu nome ao Aeroporto Internacional de Fortaleza.
                                                     
Aeroporto Pinto Martins - Fortaleza - Cé
  Uma pena, mas a verdade é que nós, brasileiros, não cultivamos a memória dos nossos heróis, apenas lembramos quando lemos suas biografias. Mas nós historiadores estaremos sempre em buscar de personagens do passado, esquecidos pelo tempo. Sem o nosso trabalho não haveria vestígio do passado. 

             Valentim Santos.
            Professor Historiador e Sociólogo.



terça-feira, 5 de julho de 2011

CEMITÉRIO PÚBLICO DO BARRO VERMELHO.


 
Cemitério Público inaugurado em 1935.

Não existem registros precisos sobre a existência de um cemitério público nos primórdios da colonização do Barro Vermelho, hoje bairro Antonio Bezerra. Os primeiros registros sobre a existência de cemitério público na cidade de Fortaleza, datam de 8 de maio de 1884, quando foi construído o Cemitério de São Casemiro, localizado no campo da Amélia, hoje Praça Castro Carreira, conhecida como Praça da Estação. O campo foi construído em 29 de junho de 1830 em homenagem a imperatriz D. Amélia de Leuchetmberg. Foi construído em um campo de treinamento e hipismo. Projetado pelo engenheiro da Província, Juvêncio Manoel de Meneses, por ordem do Presidente da Província José Sarmento.  Localizava-se ao lado poente do campo, era murado e tinha uma capela na entrada do terreno que era dividido em dois lados. Na esquerda ficava o lado conhecido como o campo dos ingleses, onde geralmente eram sepultados os estrangeiros. Por ser próximo da praia, existia uma duna conhecida como Morro do Croata que devido aos ventos e a areia foi aterrando lentamente o cemitério, que foi demolido em 26 de fevereiro de 1880 onde foi construído, em abril do mesmo ano, o cemitério de São João Batista, no bairro de Jacarecanga.

Alguns moradores afirmam que seus antepassados falavam que naquela época era de uso geral as pessoas serem enterradas nos próprios sítios onde residiam, nas zonas mais distantes do centro de Fortaleza. Vários eram os motivos que levavam os moradores a agirem dessa forma. À distância e a falta de transportes dos corpos e por não existir lei sanitária que determinasse a obrigatoriedade dos enterros em cemitérios públicos. Como também pela falta dos mesmos em zonas urbanas. A lei surgiu somente em 1902.
Em 1910, surgem os primeiros cemitérios públicos urbanos como o de Parangaba e Mucuripe em 1914. Em 1935, alguns moradores do Barro Vermelho reuniram-se para a construção de um cemitério no bairro, dentre eles, destacamos: Sr. Manoel Rodrigues Venâncio, irmão do Sr. Cizisnando Rodrigues Venâncio, que construíram em um terreno localizado ao lado esquerdo do Patronato da Sagrada Família. Em 1937 com o alargamento das ruas do bairro foi modificada a sua estrutura para a atual, segundo nos informou o Sr. Antônio Braga Venâncio, sobrinho do Sr. Manoel Venâncio, que presenciou os translado dos seus restos mortais para o cemitério atual.
No cemitério de Antônio Bezerra estão repousando os entes queridos das principais famílias do bairro como: Couto Bezerra, Teixeira Campos, Giffony, Rebuça Brasil, Uchôa, Santos, Bezerra de Meneses, Matos Dourados, Pessoa e Mendes, dentre outros. O cemitério atualmente está lotado, sendo necessária sua ampliação. Por conta disso, algumas famílias já utilizam outros cemitérios de Fortaleza.

VALENTIM SANTOS
Professor, Historiador e Sociólogo